Diretor do Corinthians Ataca Saída de Kauê Furquim para o Bahia: Oportunismo e Revolta

A diretoria do Corinthians foi pega de surpresa e manifestou intensa indignação com a notícia de que o Esporte Clube Bahia efetuou o pagamento da multa rescisória de R$ 14 milhões para adquirir o atacante Kauê Furquim. A postura dos representantes do jovem atleta e do Grupo City, que controla o clube baiano, é classificada como estritamente oportunista pelo clube paulista.

De acordo com Carlos Roberto Auricchio, diretor das categorias de base do Corinthians, o clube estava em processo de negociação para elevar o salário de Kauê Furquim. O objetivo era claro: proteger o jogador do assédio de outras agremiações, uma vez que a legislação brasileira permite que a multa rescisória para o mercado nacional alcance até duas mil vezes o valor do salário do atleta.

Auricchio detalhou a situação, revelando a frustração corintiana. "Ele tinha um dos maiores salários da categoria (sub-17) e mais dois anos e meio de contrato pela frente. Foram oportunistas! Chamamos para aumentar o salário, e eles só nos enrolaram", declarou o diretor, apontando a conduta que considerou desleal por parte dos envolvidos.

A Saída Abrupta e a Indignação Corinthiana

A empresa Pro Manager, responsável pela gestão da carreira de Kauê Furquim, foi procurada para comentar o caso, mas optou por não se manifestar sobre a transferência. Kauê Furquim, aos 16 anos de idade, havia assinado seu primeiro contrato profissional com o Corinthians em abril do corrente ano. Após essa formalização, o jovem talento passou a integrar os treinamentos da equipe principal e chegou a figurar no banco de reservas em partidas do Campeonato Brasileiro contra Ceará e Fortaleza, embora sem entrar em campo.

O diretor corintiano, popularmente conhecido como Nenê do Posto, rememorou o início das conversas. "Há 15 dias teve um jogo na Fazendinha, o Kauê Furquim jogou, e quem estava assistindo ao jogo? O pessoal do Bahia . Eu estava lá em cima (no camarote), nem sabia. O Kauê fez um golaço, sofreu pênalti, foi o grande jogo da carreira dele. No dia seguinte, ligamos para o empresário dele e falamos: 'queremos dar um aumento para o garoto, dá para vir aqui?'", relatou Auricchio, evidenciando o interesse do Corinthians em valorizar o atleta após sua performance destacada.

Os Bastidores da Tentativa de Retenção do Timão

Os encontros entre a diretoria corintiana e o estafe de Furquim prosseguiram. "Dias depois, nos reunimos. Conversamos até na sala do presidente, com a presença do Osmar Stabile. Oferecemos o dobro de salário, e eu falei: 'nosso teto aqui é esse, mas essa renovação tem que ser feita no profissional'. Eles gostaram do menino lá (no time de cima) e não dá para pagar mais do que isso na base", complementou o diretor do Corinthians, indicando a proposta e as limitações salariais do clube para jogadores da base.

Segundo Carlos Auricchio, o estafe de Kauê Furquim sinalizou positivamente para a permanência do jogador no Parque São Jorge. "Eles falaram: 'perfeito, nossa intenção é deixa-lo aqui, está tranquilo. Quando o Fred (Morais, sócio da empresa Pro Manager) voltar da Europa, fechamos o negócio'. Só que anteontem (terça-feira), chegou a informação que o Bahia queria pagar a multa. Aí ligamos para o Fred , que nos disse: 'fica tranquilo, a gente conversa'. Isso foi ontem à tarde", afirmou Nenê do Posto, descrevendo a sequência de eventos que culminou na surpresa.

A Acusação de Oportunismo e as Restrições do Clube

Ainda segundo o diretor, a ação do Bahia foi premeditada. "Foi oportunismo. Quando o cara quer fazer a coisa errada, ele sabe fazer. Há dois anos o que era Bahia no cenário nacional? Encostaram num grupo igual aquele e acham que são os melhores do Brasil. Isso é oportunismo barato, estão lidando com um clube gigante", detonou o diretor, expressando sua visão crítica sobre a conduta do clube baiano e do Grupo City.

Na perspectiva de Nenê do Posto, o Corinthians agiu dentro de suas possibilidades. O dirigente argumenta que não é viável ofertar salários exorbitantes a atletas da base, pois isso poderia gerar descontentamento e desequilíbrio no restante do elenco. Ele também enfatiza que um aumento generalizado nos salários dos jovens "quebraria" o Timão, que já enfrenta desafios financeiros significativos.

O dirigente acrescentou que Fabinho Soldado, responsável pelo departamento de futebol profissional do clube, também tentou intervir na situação. "O Fabinho teve uma conversa com esse Fred e nós (da base) não ficamos nem sabendo. Hoje ele deve se explicar com o presidente porque não fechou logo. Segundo eu soube, parece que a conversa do Fabinho com o empresário foi na segunda-feira. O Alex Brasil estava muito irritado, falando que Bahia e Red Bull estavam interessados no Kauê. Aí o empresário disse: 'falei com o Fabinho, está tudo certo'", detalhou Auricchio, sugerindo uma possível falha de comunicação interna ou estratégia.

Implicações Legais e a Posição do Bahia

Diante do cenário, Osmar Stabile, presidente interino do Corinthians, está avaliando a possibilidade de iniciar medidas judiciais contra o Bahia e o Grupo City, podendo inclusive recorrer à FIFA. A intenção é buscar reparação ou questionar a legalidade da manobra.

Por sua vez, o clube baiano, através de sua assessoria de imprensa, não se manifestou até a publicação desta reportagem, mas entende que a transferência foi conduzida em conformidade com todas as normas nacionais e internacionais do futebol. Kauê Furquim, portanto, deixa o Timão sem ter tido a oportunidade de estrear como jogador profissional pela equipe.