Grupo City deixa o Mumbai City: Entenda a saída do dono do Bahia

O City Football Group (CFG), conglomerado que detém o controle majoritário do Esporte Clube Bahia, oficializou nesta sexta-feira (26) o encerramento de suas operações no futebol indiano. A organização decidiu se desfazer de sua fatia acionária no Mumbai City, transferindo a gestão integral para os sócios fundadores da agremiação. A movimentação ocorre após um período de cinco anos de investimentos na Ásia Meridional.

A trajetória do CFG na Índia teve início em 2019, quando o grupo adquiriu 65% das ações do clube de Mumbai. Sob a gestão do grupo que também comanda o Manchester City, a equipe obteve sucesso esportivo relevante, alcançando o topo do cenário nacional. No entanto, o cenário institucional instável no país pesou na decisão de desinvestimento.

O fim da gestão do City Football Group no Mumbai City

A decisão foi comunicada oficialmente pelo clube através de seus canais institucionais, justificando o redirecionamento estratégico. Segundo a nota divulgada, "A CFG tomou esta decisão após uma análise comercial abrangente e tendo em conta a incerteza contínua em torno do futuro da Superliga Indiana". O texto reforça que a mudança é imediata e que "Os fundadores assumirão o controle total da organização daqui para frente".

O principal entrave para a continuidade do projeto reside na Superliga Indiana (ISL). O campeonato enfrenta um período de indefinição técnica e comercial desde julho, quando as atividades foram suspensas. O motivo central é o impasse na renovação do contrato entre a Federação Indiana de Futebol (AIFF) e seus parceiros comerciais, representados pela Football Sports Development Limited (FSDL).

A Federação local encontra dificuldades severas para estabelecer um novo modelo de negócio após o término de um vínculo de uma década com antigos parceiros. Para um grupo que opera com métricas rigorosas de retorno e sustentabilidade, como o City Football Group, a falta de clareza sobre o futuro da liga tornou a manutenção do investimento inviável.

Entenda os problemas institucionais que afastaram o Grupo City

O imbróglio jurídico que afeta o futebol na Índia chegou às instâncias superiores do judiciário. As negociações para a renovação dos direitos comerciais, que deveriam ter sido concluídas após o acordo de 2010, foram travadas por uma determinação da Suprema Corte da Índia. O tribunal ordenou que a AIFF se abstenha de firmar novos compromissos com a FSDL até que uma nova constituição para a federação seja devidamente implementada.

Esse vácuo de governança e a paralisação das negociações comerciais criaram um ambiente de insegurança para investidores estrangeiros. Sem uma estrutura de campeonato garantida e com disputas judiciais em curso, o CFG optou por retirar seu capital de uma região que, no momento, não oferece as garantias necessárias para o desenvolvimento do projeto esportivo global do grupo.

Dessa forma, o conglomerado reduz seu número de clubes satélites, focando esforços em mercados onde a estabilidade institucional permite o planejamento a longo prazo, característica marcante das gestões do grupo em outras praças, como o futebol brasileiro e europeu.