Gramado da Fonte Nova: A Polêmica que Marcou Bahia x Palmeiras no Brasileirão 2025

A recente vitória do Esquadrão de Aço sobre o Palmeiras, em partida válida pela 25ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2025, na Casa de Apostas Arena Fonte Nova, em Salvador, foi ofuscada por uma controvérsia que se tornou o principal tema de debate pós-jogo: a condição do gramado. O triunfo por 1 a 0, garantido por um gol de Ademir no segundo tempo, ficou em segundo plano diante das constatações oficiais e das declarações acaloradas que se seguiram, colocando a qualidade do campo sob intenso escrutínio.

Desde as horas que antecederam o confronto, a aparência do campo já chamava atenção devido à sua coloração incomum. As imagens que circularam antes do apito inicial já evidenciavam um aspecto que gerava questionamentos, culminando em uma repercussão ainda maior após a divulgação da súmula da partida pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

O Relato Oficial: Desqualificação do Gramado

A súmula oficial do embate entre Bahia e Palmeiras, documento de grande peso no futebol, trouxe à tona a avaliação do árbitro gaúcho Anderson Daronco, que descreveu a situação do campo de jogo. O relato do juiz não deixou margem para dúvidas quanto às imperfeições observadas.

De acordo com o registro, o gramado da Arena Fonte Nova não se encontrava em condições ideais para a prática do futebol, sendo classificado em um estado apenas regular. Mais incisivo ainda foi o apontamento sobre o uso de artifícios para mascarar as deficiências visuais.

"Informo que o gramado do estádio Arena Fonte Nova não apresentava boas condições para a prática do futebol estando em estado regular. Relato também que o gramado apresentou praticamente em sua totalidade muita tinta na cor verde para cobrir suas imperfeições"

Este trecho da súmula, de autoria do próprio Daronco, confirmou as suspeitas visuais, indicando que uma camada de tinta verde foi aplicada para disfarçar as falhas e a tonalidade natural do campo.

Dissonância de Versões: Administração x Campo

Em contraste com as observações do árbitro, a administração do gramado da Arena Fonte Nova e a empresa responsável pela sua manutenção, a Greenleaf, emitiram comunicados que buscavam tranquilizar o público e os clubes. Ambas as partes sustentaram que, apesar da alteração estética, os parâmetros técnicos fundamentais foram preservados.

A Greenleaf, em nota oficial, detalhou que a intervenção de manutenção, embora tenha provocado um impacto temporário na coloração, não comprometeu os indicadores cruciais para a performance. A empresa garantiu que medições diárias atestavam a conformidade com padrões estabelecidos.

"Intervenção de Manutenção e Performance Atual. A intervenção mais recente de manutenção realizada no gramado da Arena Fonte Nova resultou em um impacto temporário em sua coloração estética. Ressaltamos que todos os principais indicadores técnicos do gramado permanecem em total conformidade com os padrões estabelecidos, sendo realizadas medições diárias para assegurar a manutenção desses parâmetros. Especificamente, os parâmetros de tração, compactação, resistência e nível de umidade estão dentro das especificações ideais, assegurando a integridade estrutural e funcional da superfície para uso. A recuperação completa da tonalidade visual esperada ocorrerá em breve."

A Arena Fonte Nova corroborou essa versão, reforçando que, apesar da mudança visual, os aspectos técnicos essenciais do gramado, como tração, compactação, resistência e umidade, mantinham-se dentro dos padrões de conformidade exigidos.

"Foi realizada uma intervenção de manutenção no gramado. Embora essa atividade tenha impactado temporariamente a coloração estética da cobertura vegetal, os principais indicadores técnicos de tração, compactação, resistência e umidade permanecem dentro dos padrões de conformidade estabelecidos."

A Repercussão em Campo e a Polêmica Pós-Jogo

A condição do gramado não se limitou a um debate estético ou técnico; ela teve reflexos diretos na partida. Durante o primeiro tempo, o Palmeiras registrou duas substituições forçadas por lesões, envolvendo Lucas Evangelista e Piquerez. O clube paulista rapidamente associou esses incidentes ao piso da Fonte Nova, prometendo formalizar uma reclamação junto à CBF.

No entanto, a narrativa ganhou contornos ainda mais dramáticos com as declarações pós-jogo dos treinadores. Rogério Ceni, técnico do Bahia , ao ser questionado sobre as queixas do técnico Abel Ferreira, do Palmeiras, adotou uma postura veemente, rebatendo as alegações de prejuízo ao time adversário.

"Acho que a cor estava muito feia. Para o Palmeiras, é melhor gramado ruim porque só fazem ligação direta, quase. A característica de jogo deles é Weverton-Flaco-Vitor Roque. A gente prejudica mais porque joga desde trás do chão. Também gostaríamos que o gramado tivesse em melhor condição, mas acho que atrapalhou mais para nós. Sobre lesão, me desculpa, mas para quem joga em gramado sintético reclamar de lesão em gramado natural, aí fica feio"

A fala de Ceni, que criticou o estilo de jogo do Palmeiras e a queixa sobre lesões em gramado natural vinda de um time acostumado ao sintético, não passou despercebida. O diretor de futebol do Palmeiras, Anderson Barros, prontamente se manifestou, defendendo o trabalho de Abel Ferreira e questionando a ética da declaração do técnico tricolor.

"Quanto à crítica do treinador do Bahia sobre a forma como supostamente o Palmeiras joga, não vale perder tempo. Os títulos que o clube conquistou sob o comando da comissão técnica do Abel demonstram a excelência do trabalho desenvolvido. A declaração do senhor Rogério Ceni entra em uma questão ética complicada e eu acho que ele deveria repensá-la"

A disputa em campo deu lugar a um embate verbal acalorado nos bastidores, evidenciando que a vitória do Bahia , por mais importante que fosse para a sua campanha, ficou inevitavelmente ligada à polêmica sobre as condições do palco do confronto.