Bahia de Rogério Ceni: Análise da Evolução, Defesa Sólida e Mentalidade no Brasileirão e Libertadores

Após mais um triunfo apertado, o quinto consecutivo pelo placar mínimo, o Bahia consolida uma fase de notável ascensão. A equipe comandada por Rogério Ceni superou o Botafogo por 1 a 0, em partida válida pela sétima rodada do Campeonato Brasileiro, realizada na Casa de Apostas Arena Fonte Nova. O gol decisivo, construído a partir de uma jogada individual de Erick Pulga e finalizado por Cauly, selou não apenas a quinta vitória seguida, mas também o quinto jogo sem ter suas redes balançadas.

O confronto, que marcou o reencontro com o antigo técnico Renato Paiva, exigiu bastante dos atletas, conforme admitiu o treinador tricolor em sua análise pós-jogo. Ceni abordou diversos aspectos da performance da equipe, destacando, em particular, a evolução defensiva como um ponto crucial em relação à temporada anterior.

O Caminho para a Elite: A Visão de Ceni para o Bahia

A solidez exibida pelo Esquadrão é vista por Rogério Ceni como um reflexo do amadurecimento do projeto e das condições oferecidas pelo clube. Ele ressalta a seriedade da gestão e o ambiente propício ao desenvolvimento dos jogadores como pilares fundamentais para a curva ascendente do Bahia no cenário nacional.

Para o comandante, a ambição de atingir o mais alto patamar no futebol brasileiro passa, necessariamente, pelo enfrentamento direto com as equipes consideradas de ponta, em condições de igualdade. Ceni utilizou o próprio Botafogo, campeão da Libertadores no ano anterior, como um parâmetro. Em sua visão, quanto mais o Bahia conseguir competir de igual para igual contra adversários desse calibre, mais próximo estará de alcançar seus objetivos mais audaciosos.

O técnico pontuou que, embora a equipe ainda não esteja no nível de alguns dos principais concorrentes, há um fator inegociável presente em cada partida: a entrega total dos atletas. Ele sublinhou que a única característica que não precisa de ajuste é a ânsia por vencer.

Está cedo, ainda não estamos no nível de alguns times, mas temos deixado tudo no campo de jogo, isso é inegociável. A única coisa que não ajustamos é vontade de vencer.

Foto: ( Fernando Moreno/AGIF)

Compromisso Inegociável: A Mentalidade Forjada no Campo

A capacidade de "saber sofrer" em momentos de pressão, ou seja, a resiliência e a concentração para defender quando a situação exige, foi outro ponto valorizado por Ceni. Ele comparou a performance atual com jogos passados, indicando que essa característica tem se tornado mais consistente, embora ressalte que o aprendizado é contínuo e não garantido em futuras partidas.

A dedicação diária e a adesão dos jogadores à filosofia de trabalho foram apontadas como os grandes responsáveis pela transformação do time. Mesmo reconhecendo que o elenco pode ter limitações ou defeitos, Ceni enfatiza que a disposição em campo é máxima. Ele fez um apelo à torcida para que reconheça e incentive essa entrega, aplaudindo e cantando o nome dos atletas, pois, segundo ele, eles têm honrado a camisa tricolor.

Um exemplo citado pelo treinador que personifica essa mentalidade foi o zagueiro Ramos Mingo. Ceni revelou ter ficado impressionado com a postura do defensor ainda em Girona, antes de sua chegada. Ele destacou o caráter, a forma como Mingo "vive" o jogo e a "alma" que demonstra em campo, considerando-o uma contratação extremamente bem-sucedida, especialmente pelo aspecto humano e comportamental.

A Muralha Tricolor: Análise do Sistema Defensivo e Destaques Individuais

A série de jogos sem sofrer gols é, para Ceni, a maior evidência da evolução da equipe em comparação com a temporada anterior. No entanto, ele faz questão de frisar que a consistência defensiva não é mérito exclusivo dos zagueiros ou da linha de defesa. Trata-se de um sistema coletivo, onde os jogadores de ataque e meio-campo exercem um papel fundamental ao amortecer a chegada dos oponentes e dificultar as penetrações por dentro.

Ele elogiou nominalmente diversos atletas que contribuem para a solidez defensiva, como Rezende, David Duarte, Santiago Arias e Gabriel Xavier, destacando a sequência de boas atuações e o retorno seguro de Gabriel. Erick Pulga também foi mencionado por sua contribuição na bola aérea e na exploração de espaços no ataque, facilitando a construção com outros jogadores.

O goleiro Marcos Felipe recebeu elogios específicos, sendo descrito como espetacular no primeiro tempo pela sua participação com os pés na saída de bola, fazendo escolhas inteligentes e lançamentos precisos. No segundo tempo, demonstrou suas qualidades com as mãos, realizando defesas importantes. Ceni observou o crescimento do goleiro, que inclusive tem atuado com a faixa de capitão, e classificou sua atuação contra o Botafogo como "muito bem".

O Jogo Sob a Lupa: Desafios e Oportunidades Contra o Botafogo

A partida contra o Botafogo foi fisicamente extenuante. A chuva intensa no segundo tempo tornou o campo pesado e impactou a precisão dos passes, alterando a dinâmica do jogo. O primeiro tempo foi marcado por uma boa construção ofensiva, enquanto a etapa final exigiu maior capacidade de contra-ataque e fechamento de espaços.

Ceni reconheceu que a falta de um segundo gol fez a equipe sofrer mais defensivamente do que o necessário, apesar de considerar a organização tática defensiva boa. Houve oportunidades claras para ampliar o placar, como um gol anulado e lances de Jean Lucas e Willian no mano a mano com o goleiro, mas as finalizações não foram convertidas.

O treinador analisou esses lances, mencionando as dificuldades impostas pelo campo molhado e o cansaço dos jogadores após percorrerem longas distâncias. Apesar disso, ele enfatizou a importância de criar as situações de gol, ressaltando que a capacidade de gerar oportunidades é mais relevante do que a conversão pontual, que pode variar de jogo para jogo.

O desgaste da equipe é uma preocupação real, especialmente com a sequência de jogos decisivos. Ceni mencionou a necessidade de recuperação dos atletas para o próximo compromisso, destacando a ausência de dois laterais-direitos lesionados como um desafio adicional na montagem da equipe, exigindo adaptações e testes teóricos.

O Bahia volta a campo no meio de semana, enfrentando o Nacional-URU pela Copa Libertadores, novamente na Casa de Apostas Arena Fonte Nova. A partida, agendada para as 19h (horário de Brasília), pode representar a classificação antecipada para a próxima fase, caso o Tricolor vença e o Internacional também triunfe em seu jogo.