Bahia 2025: Títulos, recordes e investimento de R$ 223 milhões

O ciclo esportivo do Bahia em 2025 entregou ao seu torcedor sensações que não eram experimentadas há mais de três décadas. O período foi marcado pela volta ao principal torneio do continente e pela conquista de duas taças relevantes. Contudo, o encerramento do ano traz uma reflexão necessária sobre a maturidade do projeto, que "Evoluiu, mas poderia mais", evidenciando que a consolidação entre os gigantes nacionais exige regularidade extrema.

Gestão e investimentos milionários no Esquadrão

O poder financeiro do Bahia atingiu patamares inéditos sob a gestão do Grupo City. Durante a temporada, o clube movimentou cifras vultosas tanto em aquisições quanto em transferências, estabelecendo novos parâmetros para o mercado nordestino. O investimento em novos atletas alcançou a marca de R$ 223 milhões, enquanto as saídas de jogadores foram fundamentais para o equilíbrio do caixa.

Além das movimentações de elenco, a infraestrutura recebeu atenção especial. Em outubro, o projeto do novo Centro de Treinamento em Lauro de Freitas foi apresentado por Ferran Soriano. Com um aporte de R$ 300 milhões, a estrutura de 560 mil metros quadrados tem conclusão prevista para o final de 2027, prometendo ser um divisor de águas na preparação dos atletas tricolores.

Talentos da base e o retorno à Seleção Brasileira

O celeiro de talentos do Fazendão voltou a brilhar em nível mundial e nacional. No Mundial Sub-17, embora o título não tenha vindo para o Brasil, as promessas Ruan Pablo e Dell foram os grandes protagonistas da equipe canarinho, participando diretamente da maioria dos gols marcados. O goleiro Arthur Jampa também integrou a delegação, reforçando a qualidade da formação tricolor.

No time profissional, o hiato de convocações para a Seleção Brasileira principal foi finalmente encerrado. Jean Lucas, sob o comando de Ancelotti, quebrou um jejum de 34 anos sem representantes do Bahia na Amarelinha. Logo em seguida, Luciano Juba também foi chamado, repetindo um feito que não ocorria desde 1989: ter dois jogadores do clube convocados no mesmo ano civil.

Superação de tabus e a instabilidade sob as traves

A temporada também serviu para o Bahia exorcizar fantasmas históricos. O time conquistou sua primeira vitória como visitante na história da Libertadores ao derrotar o Nacional-URU. No cenário doméstico, triunfos inéditos contra o Palmeiras, no Allianz Parque, e diante do Bragantino, em seus domínios, mostraram a força competitiva do elenco em momentos de alto nível.

Entretanto, a posição de goleiro foi alvo de constantes questionamentos. Marcos Felipe perdeu a titularidade após oscilações e acabou sendo emprestado. O substituto imediato, João Paulo, lesionou-se antes mesmo de estrear. Coube a Ronaldo a responsabilidade de assumir a meta; apesar de um início incerto com falhas pontuais, o arqueiro demonstrou resiliência e terminou o ano como peça fundamental na manutenção dos resultados.

Recordes no Brasileirão e o peso do desempenho fora

O desempenho no Campeonato Brasileiro foi histórico, mas deixou um gosto amargo pela falta de ímpeto longe de Salvador. O Tricolor estabeleceu sua melhor pontuação na era dos pontos corridos, somando 60 pontos e garantindo a 7ª colocação. A força na Arena Fonte Nova foi o pilar dessa campanha, com 14 triunfos como mandante.

A dificuldade em pontuar como visitante foi o grande obstáculo para pretensões maiores. Com apenas três vitórias fora de seus domínios, o Bahia viu a vaga direta para a Libertadores escapar. Derrotas em confrontos decisivos contra Internacional, América de Cali e Fluminense, em diferentes competições, expuseram a fragilidade emocional e tática da equipe quando atuava longe de sua torcida.

Hegemonia regional e o reencontro com a Libertadores

A glória veio com a retomada da soberania no estado e na região. O Bahia conquistou o Campeonato Baiano sobre o seu maior rival e, em setembro, ergueu o pentacampeonato da Copa do Nordeste ao vencer o Confiança. Esse feito de conquistar dois títulos na mesma temporada não era alcançado pelo clube desde 2001, reafirmando o domínio local.

Por fim, o retorno à Copa Libertadores após 36 anos de ausência foi o evento mais emblemático de 2025. O caminho começou árduo, com classificações nas fases preliminares contra The Strongest e Boston River. Todavia, a trajetória na fase de grupos foi interrompida prematuramente, com reveses cruciais em casa e no Beira-Rio, deixando a lição de que o torneio continental exige um nível de concentração que o elenco ainda busca consolidar.