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Renato Paiva Volta à Fonte Nova: Análise do Reencontro com o Bahia e a Passagem Conturbada
Por Redação FutBahia em 02/05/2025 04:14
A pauta esportiva deste sábado, às 21h (horário de Brasília), ganha um contorno especial na Arena Fonte Nova. O confronto entre Bahia e Botafogo marca o regresso do técnico português Renato Paiva ao estádio onde viveu momentos de intensa pressão e, por fim, pediu para sair. Primeiro comandante técnico da gestão do Grupo City na equipe baiana, Paiva permaneceu por nove meses em Salvador, período marcado por desempenho irregular e forte contestação popular, culminando em seu desligamento a pedido próprio.
Atualmente à frente do Botafogo, o treinador português iniciou sua jornada no clube carioca no final de março. Desde então, o registro aponta quatro vitórias, dois empates e quatro derrotas. Assim como em sua experiência anterior no Brasil, o início no Glorioso também tem sido acompanhado por certa ebulição nos bastidores e cobranças da torcida, embora a direção do clube carioca venha demonstrando respaldo ao seu trabalho. Recentemente, a equipe sob seu comando obteve dois resultados positivos consecutivos, incluindo uma expressiva goleada sobre o Capital-DF pela Copa do Brasil.
A Nova Fase no Botafogo e o Reencontro
Apesar da pressão inicial no Rio de Janeiro, alguns sinais indicam uma tentativa de estabilização. O volante Marlon Freitas, por exemplo, veio a público defender o técnico após a vitória por 2 a 0 sobre o Fluminense, no clássico disputado no último sábado. Em busca de escrever uma trajetória distinta daquela vivenciada em Salvador, Paiva tem neste reencontro uma oportunidade de reforçar a nova narrativa que tenta construir no Botafogo, sob o olhar atento da torcida tricolor que o contestou no passado.
A passagem de Renato Paiva pelo Bahia teve início em dezembro de 2022, envolta em expectativas elevadas. O currículo do profissional, que incluía trabalhos no Benfica e um título nacional com o Independiente del Valle, do Equador, em 2021, alimentava a esperança de um novo patamar para o clube sob a gestão do Grupo City.

O Período Conturbado em Salvador
Contudo, a convivência com a turbulência começou cedo. Derrotas expressivas, como o 3 a 0 para o Fortaleza na própria Fonte Nova e, de forma ainda mais impactante, o 6 a 0 sofrido diante do Sport pela Copa do Nordeste ? resultado que se tornou o placar mais elástico na história do confronto ? marcaram os primeiros passos do trabalho e acenderam o sinal de alerta.
Diversos fatores contribuíram para o desgaste da relação entre Renato Paiva e o ambiente do Bahia . O desempenho da equipe, frequentemente irregular, especialmente a notória fragilidade defensiva, e a precoce eliminação ainda na primeira fase do Nordestão foram elementos cruciais. Adicionalmente, o próprio treinador contribuiu para o azedamento da relação com a torcida por meio de declarações em coletivas de imprensa. Em uma ocasião específica, ao defender sua filosofia de jogo de forma irredutível, afirmou que "quem manda no clube é o grupo que o comprou", declaração que repercutiu negativamente.
A conquista do título do Campeonato Baiano trouxe um alívio momentâneo, mas o desgaste não tardou a escalar para um novo nível com o início do Campeonato Brasileiro, onde a equipe se viu lutando contra o rebaixamento. Em julho, a principal torcida organizada do clube realizou um protesto público exigindo a saída do técnico.
Em entrevista concedida em junho de 2023, o próprio treinador chegou a se emocionar ao recordar as ofensas dirigidas à sua filha nas redes sociais, evidenciando o nível de pressão pessoal a que estava submetido.
A Saída Sob Pressão e as Declarações
Apesar do ambiente hostil, a direção do Bahia inicialmente manteve o técnico. O vínculo, no entanto, foi rompido em setembro de 2023 por solicitação do próprio Paiva. Ele considerou que uma montagem circulando nas redes sociais, retratando-o com orelhas de burro, foi a "gota d'água", embora, em retrospectiva, reconhecesse que a situação era um acúmulo de fatores. Naquele período, o treinador também sentia que merecia um suporte mais robusto por parte da cúpula do clube diante de tais episódios.
"Se diz que saí por um cartaz com as orelhas de burro, não. Era um acumulado, estádio inteiro estar a insultar-te causa mais impacto que um cartaz"
Recentemente, em entrevista ao Charla Podcast, Paiva abordou sua saída, esclarecendo que o episódio específico da montagem foi o estopim em meio a um contexto de hostilidade constante. No total, Renato Paiva comandou o Bahia em 49 compromissos, registrando 19 vitórias, 15 empates e 15 derrotas, perfazendo um aproveitamento de 49%. Poucos dias antes do confronto, o treinador expressou seu apreço pelo clube que agora enfrentará:
"- O Bahia é parte da minha história. Me abriu as portas para trabalhar no Brasil, tenho muito orgulho daquele escudo, do grupo de jogadores, torcida. Adorei Salvador. A história poderia ser diferente? Sim. Mas foi o que foi e tenho muito respeito. Se eu pudesse nunca jogaria contra a minha história, mas, como não posso, hoje represento o Botafogo com muito orgulho e, obviamente, vou entrar na Fonte Nova com vontade de que o Botafogo jogue bem e ganhe. Mas não é contra ninguém, é pelo Botafogo - explicou.
O reencontro na Fonte Nova carrega, portanto, um peso narrativo significativo para Renato Paiva. Ele volta ao palco de um capítulo desafiador de sua carreira, agora com as cores de um novo clube, buscando escrever uma história de sucesso que contrastante com a turbulência enfrentada em sua primeira passagem por Salvador.
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