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Bahia e Grupo City: A Nova Geografia do Futebol Brasileiro na Base
Por Redação FutBahia em 15/08/2025 12:44
A aquisição de jovens talentos como Kauê Furquim, um atleta que se destacava nas categorias de base do Corinthians, não representa um evento isolado, mas sim um sintoma inequívoco de uma transformação profunda na hierarquia do futebol juvenil brasileiro. Esta transação, e outras semelhantes, são manifestações claras de uma visão estratégica audaciosa. Desde a aquisição da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) tricolor pelo Grupo City em 2023, um dos pilares centrais do conglomerado internacional tem sido a consolidação do Esquadrão como uma potência inquestionável no futebol de base. O objetivo declarado é redefinir a "geografia" da captação de atletas no Brasil, desafiando o domínio histórico das regiões mais ricas do país.
A Revolução na Captação de Talentos do Bahia
Tradicionalmente, os talentos mais promissores do futebol baiano e nordestino frequentemente migravam para os grandes centros do Sudeste. Contudo, o cenário atual apresenta uma inversão radical dessa lógica. Armado com a notável robustez financeira proporcionada pelo Grupo City, o departamento de base do Bahia não apenas conseguiu estancar a histórica sangria de jovens promessas para clubes de outras regiões, como também deu início a um movimento proativo e bem-sucedido de busca por reforços nas próprias regiões que antes eram vistas como exportadoras de talentos. Essa estratégia de inversão é um marco significativo.
Exemplos concretos dessa nova abordagem incluem atletas como Fredi Lippert e Zé Guilherme, ambos oriundos do Grêmio, David Martins, do América-MG, e Lucyan, que veio do Flamengo (embora já tenha deixado o clube). A mais recente e notória aquisição, Kauê Furquim, vindo do Corinthians aos 16 anos, é um testemunho da capacidade de atração do novo projeto.
Jogador | Clube Anterior | Observação |
---|---|---|
Kauê Furquim | Corinthians | Aquisição Recente |
Fredi Lippert | Grêmio | |
Zé Guilherme | Grêmio | |
David Martins | América-MG | |
Lucyan | Flamengo | Já deixou o Bahia |
Essa transformação estrutural é sustentada por uma equipe significativamente expandida e profissionalizada. Em um período de apenas três anos, o número de profissionais dedicados exclusivamente ao futebol de base do Bahia mais que dobrou, alcançando a impressionante marca de mais de 150 indivíduos. À frente desse ambicioso projeto está o diretor Marcelo Teixeira, uma figura de vasta experiência que, inclusive, fez o movimento inverso de muitos talentos, trocando o Fluminense, um clube com forte tradição no Sudeste, para assumir a direção no Tricolor de Aço.
A Nova Lógica de Mercado e o Poder de Antecipação Tricolor
A estratégia do Bahia , conforme detalhado pelo próprio Marcelo Teixeira em uma entrevista anterior ao podcast do clube, reside fundamentalmente na capacidade de antecipação e na proatividade. O diretor da base não hesita em expressar a nova posição de destaque do Esquadrão no competitivo mercado de jovens talentos:
Hoje a gente chega primeiro.
Teixeira complementa, sublinhando a drástica mudança de paradigma que o clube impôs:
Os times do Sudeste vinham aqui na Bahia buscar jogador. A gente perdeu muito jogador assim. Agora a gente inverteu essa ideia. Nos espalhamos pelo Brasil inteiro. Posso dizer que hoje somos top-3 do Brasil em captação de atletas.
Essa afirmação categórica não apenas ilustra, mas consagra a inversão da lógica de mercado que prevaleceu por décadas, com o Bahia agora ditando o ritmo em vez de reagir a ele.
O sucesso do Bahia não se limita apenas à agilidade na prospecção. A proposta do clube é multifacetada e extremamente atrativa: além de chegar antes e com o poderio financeiro do Grupo City, o Esquadrão oferece recursos financeiros robustos e, o que é crucial, um projeto de carreira sedutor. Esse projeto promete uma ponte mais curta e direta para o exigente e cobiçado futebol europeu, um diferencial que poucos clubes brasileiros podem oferecer. Essa combinação poderosa tem provocado reações intensas e desestabilizadoras em instituições que se acostumaram a operar sob uma dinâmica agora claramente em xeque.
O Contraste entre Modelos: Bahia e a Reação do Status Quo
A repercussão da aquisição de Kauê Furquim pelo Bahia serve como um exemplo paradigmático dessa tensão crescente. O Corinthians, ao cogitar a emissão de uma nota oficial de protesto, revelou não apenas o incômodo com a perda de um talento promissor, mas também, de forma involuntária, assinou um atestado de suas próprias fragilidades estruturais e financeiras ao tentar desqualificar o novo destino do jovem atleta. É, no mínimo, paradoxal que um clube que enfrenta restrições de "transfer ban" impostas pela FIFA e acumula um passivo financeiro considerável, critique a ascensão de uma instituição que, sob nova gestão, diligentemente se empenha em resolver pendências históricas e honrar seus compromissos.
Enquanto o Bahia se consolida como um modelo de gestão moderna e estratégica, saneando suas finanças e se tornando um polo de atração inegável para talentos em formação, a velha guarda do futebol brasileiro é forçada a confrontar uma nova e desafiadora realidade. O Esquadrão, com sua abordagem calculada e sustentada pelo poder de um conglomerado internacional, está se tornando tão irresistível quanto as paisagens litorâneas do Nordeste em pleno verão, não apenas para turistas em busca de lazer, mas, crucialmente, para os futuros craques do esporte.
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